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segunda-feira, julho 17, 2017

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Porquê fingimos?


Porquê fingimos sempre quando não temos respostas concretas para alguma coisa? Será que o ato de fingir está atrelado a alguma possessão maligna?

Os mais desconfiados acreditam que a incorporação maligna dentro dos templos religiosos não passa de puro fingimento de pessoas que tendo a mente fraca acham que estão sendo possuídas por alguma força sobrenatural que as leva a se contorcer,escumar,gritar,agredir e etc diante daqueles que tentam libertá-las.

Mas será que uma pessoa de mente fraca teria a capacidade de orquestrar algo tão amedrontador e não se importar com a vergonha que passam diante de todos ou será que o mal que está nelas tenha essa capacidade de em algum ritual de fingimento convencer a tantas outras pessoas  de sua força ilimitada?

Possuídas ou não a personalidade de um homem se mede pelo seu caráter.E reconhecer que finge sempre para lograr exito em alguma situação é uma virtude daqueles que certamente gostariam de ser diferentes em suas atitudes.

Abaixo as considerações de um neonatologista ao senhor ministro da saúde e um convite a reflexão para colegas das outras especialidades:




Nós Neonatologistas,
⇒Fingimos que trabalhamos quando diagnosticamos sífilis congênita e não tem penicilina, o tratamento padrão universal
⇒Fingimos que trabalhamos quando nascem trigêmelares e temos apenas dois berços de reanimação, dois laringoscópios e dois ventiladores manuais.
⇒Fingimos que trabalhamos no plantão noturno quando temos 25 leitos de UTI neonatal e apenas 15 oximetros para ,monitorar o funcionamento cardíaco e devemos decidir quem deverá ficar sem monitoramento.
⇒Fingimos que trabalhamos quando investimos recursos, conhecimento, esperanças e empatia em um prematuro de 25 semanas e após 56 dias somos obrigados a encaminhar ele a outro serviço por falta de vagas , sabendo que retornará em choque irreversível (os outros serviços não tem experiencia em prematuros extremos) e fingir mais ainda na hora de explicar à mãe que temos que transferi-lo.
⇒Fingimos que trabalhamos quando nasce um menor de 1500 gramas e não temos Blender, nem oxímetro na sala de parto, nem nutrição parenteral e nem leito de UTIN
⇒Fingimos que trabalhamos quando recebemos um recém-nascido com cardiopatia congênita que precisa de cirurgia cardíaca com urgência e sabemos que tem 9 bebês na lista de espera e que o número 8 está com 2 meses de idade ainda aguardando vaga. Mesmo assim tentamos manter ele em condições ótimas para cirurgia.
⇒Fingimos que trabalhamos quando atendemos uma adolescente que não teve acesso ao pré natal (faltavam médicos e enfermeiras) e chega na maternidade com idade gestacional duvidosa (entre 22 e 24 semanas) e temos que decidir sozinhos na madrugada se devemos ou não investir nesse bebê sabendo que nos países de ponta não se investe em menores de 23 semanas.
⇒Fingimos que trabalhamos quando recebemos uma menor de idade usuária de crack que não sabia que estava grávida, investimos no parto, no bebê, na criação do vínculo, mas 60 dias mais tarde devemos entregar o bebê na vara da infância pois não compareceu nenhum responsável pela mãe e a fria mármore da lei não percebe o quanto ela se transformou graças ao bebê e o quanto o futuro do bebê depende do amor da mãe dele.

Então porque fingimos?
⇒Fingimos porque acreditamos na vida,
⇒Fingimos porque a dor de mães e a dor dos recém nascidos pedem que atuemos ou lutemos mas nunca desistamos.
⇒Fingimos porque de verdade,amamos os recém nascidos.
⇒Fingimos porque Deus nos dá forças para acreditar em um futuro melhor.

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