O triste voo de um beija-flor
Fiquei ali, por alguns minutos
tentando esquecer o que havia visto lá fora, querendo fugir dos detalhes
daquele episódio triste, trocando cada grão de pensamento pela presença de cada
coisa que compunha aquela sala tão cheia de minúcias que iam vencendo o tempo.
O velho sofá de madeira surrada,
forrado de chita estampada; as cadeiras reluzentes de óleo que pareciam abraçar
a mesa que tão vaidosa exibia um pato de louça cheio d’água a abrigar as tantas
raízes da jiboia derramadas em folhas salientes e viçosas que descansavam sobre
a toalhinha; a pequena cristaleira de vidros bem transparentes que me permitia
ver todas as suas relíquias guardadas; o abajur encardido e apagado no canto
sobre a mesinha de mármore desgastado; o rádio tão calado sobre a prateleira
que parecia almejar o telhado; as cortinas enrugadas que escondiam a janela e
de vez em quando dançavam ao toque do frescor que passeava lá fora; o
espelho...
Ah! O espelho tão redondo e
emoldurado de rosas negras e bem delineado que diante do criado mudo e sem
graça o ilustrava sempre; e foi ele! Simplesmente ele, o espelho que até aquele
instante assistira a tudo, tão inerte, me despertou de minha prostração e
convidou-me a estar diante dele.
Deixei a cadeira a balançar-se
sozinha, e sem pretensões olhei meio absorto o meu rosto refletido na luz que
vinha de dentro. Nossa! Como eu era belo no frescor de meus dezessete anos...
Cabelos negros tão encaracolados e sedosos quase a beijar os meus olhos vívidos
de um azul incandescente e torneado de cílios bem repletos que, contrastavam
com minhas sobrancelhas cheias; as quais, quase se encontravam acima do nariz
que vinha almejando a minha boca tão bem desenhada pelos lábios finos e
molhados que, ao abrirem-se, apresentavam um belíssimo sorriso enfeitado de
dentes tão esbranquiçados e perfeitos, tudo isso em perfeita sintonia com as
maçãs bem rosadas de meu rosto, o qual reluzia o azul resplandecente das
primeiras barbas feitas.
Naquele momento acariciei o meu
próprio rosto e tomado por um desejo febril numa instância de segundos já
estava todo nu diante do espelho no meio da sala, a olhar o meu peito repleto
de pêlos e acariciar também o meu sexo que parecia gritar algo que só mesmo o
meu coração podia ouvir. E na ânsia de...
Conheça o princípio e o desfecho
desta linda história de amor acessando:"Ternura Coração fotografias"
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